segunda-feira, 31 de março de 2014

«XUE LONG»

Navio científico da República Popular da China, com capacidade quebra-gelos. Foi construído (por encomenda da Rússia soviética) nos estaleiros ucranianos de Kherson, em 1993 e, finalmente adquirido (após modificações) pelos chineses, que o registaram no porto de Xangai. O «Xue Long» (nome que significa 'Dragão das Neves') desloca  21 000 toneladas e mede 167 metros de comprimento por 22,50 metros de boca. O seu calado é de 9 metros. A potência desenvolvida pelos seus propulsores é de 13 200 kW. A sua velocidade máxima (em mar aberto) é de 18 nós e a sua autonomia de 20 000 milhas náuticas. Este navio tem uma tripulação permanente de 34 membros e tem acomodações para poder receber, em simultâneo, 128 passageiros e/ou pesquizadores. As suas instalações laboratoriais superam os 100 metros quadrados. Está equipado com 1 helicóptero Kamov Ka-32 e com um mini-submarino de comando remoto. Concebido para operar nas regiões polares, o «Xue Long» é o único navio chinês deste tipo. Mas um outro quebra-gelos destinado à pesquiza científica na Antárctida está actualmente em construção, devendo entrar em serviço operacional em 2016. Em 1999, este navio protagonizou um incidente que teve grande impacto na opinião pública do Canadá. Com efeito, o «Xue Long» aportou, em 1999, a Tuktoyaktuk (localidade do Árctico) para grande surpresa das autoridades locais. A imprensa aproveitou a ocasião para criticar o governo de Otawa, que ela  acusou de incapacidade para assegurar a defesa do norte do país. O que causou natural polémica. Mais recentemente, este navio tem operado nas águas da Antárctida, onde a República Popular da China quer manter (como tantas outras nações) uma presença científica permanente. Essa presença tem-se feito através da manutenção da estação polar Zhongshan, situada na baía de Prydz. No historial deste navio, constam 5 viagens ao Árctico, através do estreito de Bering e 1 viagem de circum-navegação da Antárctida. Durante este seu último périplo (em Janeiro de 2014), o «Xue Long» prestou socorro aos passageiros do navio russo «Academik Chokalski» -bloqueado pelo gelo- evacuando, com a ajuda do seu helicóptero, 52 deles. Ainda mais recentemente, este navio científico chinês juntou-se às buscas do desaparecido avião (Boeing 777) da companhia Malaysia Airlines, que se presume ter desaparecido no oceano Índico, a sudoeste da cidade australiana de Perth.

sexta-feira, 21 de março de 2014

«SÃO PAULO»

Galeão português do último quartel do século XVI. A não confundir com uma nau lusa homónima, já referida neste blogue, que se afundou em 1560 nas costas de Sumatra. A construção do «São Paulo», o navio agora e aqui em apreço, terá sido iniciada no Seixal em 1589 por ordem d'el-rei Filipe II, que quis renovar a frota do Reino de Portugal, na sequência do desastre naval ocorrido -no ano precedente- aquando da sua frustrada tentativa de conquistar a Inglaterra. Este galeão, de 500 toneladas, foi realizado sob as directivas do famoso mestre carpinteiro Sebastião Temudo e fazia parte de umprograma de 21 navios de grande porte. O comprimento fora a fora do «São Paulo» parece ter ultrapassado os 50 metros e a sua boca teria cerca de 15 metros; o que terá feito dele um dos navios mais impressionantes das armadas ibéricas da época. Estava bem artilhado, desconhecendo-se, no entanto, o número exacto e o calibre das bocas de fogo que transportava. A construção do «São Paulo» revelou-se problemática, pelo facto de, ao tempo, haver penúria de madeira e de essa matéria-prima ter faltado durante a sua realização. De modo que o navio só foi dado como concluído em 1592, ano em que foi acrescentado ao serviço da armada. Por razões que se desconhecem, este galeão só partiu para a Índia a 30 de Março de 1594, integrado na frota superiormente comandada por Sebastião Gonçalves de Alvelos. Segundo as parcas informações que sobre ele existem, o galeão «São Paulo» terá naufragado a 15 de Abril de 1595 (devido ao excesso de carga) em lugar desconhecido. Provavelmente durante a viagem de regresso da sua primeira e única viagem ao Oriente. Curiosidade : a ilustração anexada pertence ao famoso «Roteiro de D. João de Castro». Mostra vários navios portugueses do século XVI, inclusivamente (em cima, à direita) um galeão.

quinta-feira, 20 de março de 2014

«RÍMAC»

O «Rímac» foi o primeiro de todos os navios de guerra movidos a vapor a operar com bandeira de uma nação sul-americana. Pertenceu à armada do Peru, que o encomendou ao saber que a marinha de guerra chilena encarava a possibilidade de se dotar com navios deste tipo e também pelo facto de rivalidades políticas deixarem antever uma guerra regional. Encomendado aos Estados Unidos, este vapor foi construído nos estaleiros da empresa Brown & Bell, de Nova Iorque, que o lançaram à água em 1847. O «Rímac» deslocava 683 toneladas e media 52,12 metros de longitude por 8,53 metros de boca. O seu calado era de 3,20 metros. Estava equipado com 2 máquinas alternativas acopladas a 2 rodas de paletas laterais. A sua velocidade máxima era de 13 nós. Este navio de guerra, que tinha uma guarnição de 121 homens (incluindo o corpo de oficiais) estava armado com 6 peças de artilharia de origem britânica : 2 de 68 libras e 4 de 24 libras. O seu casco era de madeira, revestido de cobre e os seus 2 mastros utilizavam um aparelho do tipo bergantim. Outras características distintivas deste navio : 1 altaneira chaminé implantada a meia-nau; rica decoração (com motivos solares) das caixas de rodas; escudo nacional, revestido de ouro, na popa. Depois de resolvidos alguns problemas, relacionados com as caldeiras originais, que acabaram por ser substituídas, o «Rímac» participou na guerra civil de 1854, prestando, essencialmente, serviços no domínio do transporte de tropas. No ano seguinte, em 27 de Fevereiro de 1855, esta unidade da armada peruana zarpou do porto de Callao com mais de 400 pessoas a bordo, rumo a Islay. Muitas delas eram soldados desmobilizados do exército, que voltavam para as suas casas. No dia 1º de Março, em circunstâncias pouco claras (erro de navegação ?), o «Rímac» encalhou violentamente na costa rochosa de Punta San Juan (actual Marcona) e perdeu-se totalmente. Menos de 100 passageiros sobreviveram à tragédia. A armada do Peru tem resgatado, no lugar do naufrágio deste seu navio, muitos objectos e peças provenientes do «Rímac»; que estão expostas no Museu Naval de Callao. Curiosidade : trinta anos depois deste dramático naufrágio, também ali se perdeu um paquete europeu de nome «Italia».

terça-feira, 18 de março de 2014

«JAMES K. POLK»

Submarino nuclear da armada dos Estados Unidos, pertencente à classe 'Benjamin Franklin'. Este submarino de ataque -construído em 1965 pelos estaleiros da General Dynamics Electric Boat, de Groton, Connecticut- foi inicialmente provido com mísseis balísticos do tipo 'Polaris' e efectuou, durante cinco anos, patrulhas de dissuasão estratégica por todo o oceano Atlântico. Em 1971, o SSBN-645 (seu indicativo oficial) deu entrada nos estaleiros da firma Newport News Shipbuilding, na Virgínia, para renovar o combustível do seu reactor e para sofrer as transformações necessárias à recepção a bordo de mísseis 'Poseidon'. Esteve armado com essas terríficas armas de longo alcance (mais de 5 000 quilómetros) até Agosto de 1991, altura em que comemorou 25 anos de vida operacional e terminou a sua 66ª missão nas forças submarinas de dissuasão estratégica. A partir de 1992 passou dezanove meses no estaleiro, para que lhe fosse retirada toda a sua panóplia de armas atómicas e para que fosse convertido em plataforma de apoio às operações especiais. O silos de mísseis foram transformados em locais para uso exclusivo dos famosos SEAL's, unidades de elite da marinha de guerra estadunidense. Passou, desde logo, a ser designado como SSN-645. A sua silhueta alterou-se bastante, devido a uma superestructura (contendo câmaras de descompressão) que lhe foi acrescentada para poder cumprir as suas novas missões. Após a sua conversão, o USS «James  K. Polk (nome de um antigo presidentes dos 'states') serviu no mar Mediterrâneo. Este submarino foi desactivado em 1999 e o seu desmantelamento iniciou-se em Abril do ano 2000. o «James K. Polk» deslocava 6 527 toneladas e media 130 metros de comprimento por 10 metros de boca. Podia mergulhar à profundidade de 400 metros e navegar a uma velocidade máxima superior a 20 nós. A sua guarnição era constituída por duas equipas distintas (e substituíveis) de 129 homens cada uma. Para além dos mísseis atómicos que carregou na primeira fase da sua vida operacional, o 'Polk' foi dotado com 4 tubos lança-torpedos de 530 mm.

segunda-feira, 17 de março de 2014

«SYREN»

'Clipper' de 3 mastros, construído em 1851 pelo estaleiro naval de John Taylor (em Medford, Massachusets). Navio de bandeira norte-americana, teve vários proprietários nos Estados Unidos, a saber : Silbee, Pickman & Cº, de Salem, Joseph Hunnewell, de Boston, Charles Brewer, de Honolulu, e William H. Besse, de New Bedford. Esteve implicado no transporte de emigrantes e de carga geral, da costa leste para a Califórnia, tendo, para esse efeito, executado cinco viagens transoceânicas via cabo Horn. Navegou regularmente nas rotas do Oriente, do Hawai e da América do sul. Depois disso, esteve em actividade nos mares árcticos, de onde transportou óleo e outros produtos baleeiros para New Bedford. Apesar de não gozar da reputação de ser um navio rápido, mediu-se, no entanto, com vários dos seus reputados congéneres («Northern Light», Belle of the Seas», «Sierra Nevada», «Mary Robinson», etc), ganhando brilhantemente algumas corridas de longo curso. Durante a sua duradoura carreira, o «Syren» sobreviveu a encalhes, abalroamentos e a tremendas tempestades, sobretudo na zona de confluência do Atlântico com o Pacífico. Em 1888, quando se encontrava no Rio de Janeiro, foi julgado inapto ao serviço e desactivado. Ainda assim, foi vendido a um armador argentino -que o restaurou, lhe deu o novo nome de «Margarita» e o utilizou até depois do final da Grande Guerra- fazendo do ex-«Syren» campeão de longevidade dos veleiros de grande porte. O «Syren» (uma galera) era um navio de 1 064 toneladas, medindo 58 metros de comprimento por 11 metros de boca. Desconhece-se o ano e circunstâncias em que deixou definitivamente de navegar.

sábado, 15 de março de 2014

«XPEDITION»

Pequeno (mas luxuoso) navio de cruzeiro construído, em 2001, pelos estaleiros alemães da firma Cassens Schiffswerft, de Emden. Foi lançado à água com o nome de «Sun Bay», que usou até 2004, enquanto esteve integrado na frota do operador Celibrity Cruises. Durante esse período de três anos, este belíssimo navio esteve registado nos portos de Nassau e de La Vallette, hasteando, pois e sucessivamente, as bandeiras das Bahamas e de Malta. Depois, passou sob o controlo da sociedade Islas Galapagos Turismo, foi matriculado em Guayaquil e ostenta pavilhão equatoriano. Com  2 842 toneladas, o «Xpedition» mede 90 metros de comprimento por 13 metros de boca. O seu sistema propulsor (2 máquinas diesel) permite-lhe atingir a velocidade máxima de 17 nós. Este navio (com 6 conveses) pode transportar 96 passageiros (alojados em cabines e suites faustosas) e tem uma tripulação de 68 membros. Vocacionado para o turismo de aventura e de observação da Natureza, o «Xpedition» tem, agora, como destino privilegiado as longínquas ilhas Galápagos, no oceano Pacífico. As suas reduzidas dimensões permitem-lhe o acesso a portos que estão vedados aos 'cruisers' de maior porte. Este navio tem um irmão gémeo : o «Sun Bay II».

«DINH TIEN HOANG»

Moderna fragata da armada vietnamita. Usa o indicativo de amura HQ-011. Foi construída na Rússia, em 2007, pelo arsenal de Zelenodolsk (cidade ribeirinha do Volga). Pertence à classe 'Gepard' e foi o primeiro navio deste tipo a integrar a marinha de guerra daquele país do Extremo Oriente. Com características furtivas, este navio polivalente pode operar no seio de um esquadrão naval ou agir isoladamente numa situação, que tenha a ver com a busca, identificação e destruição de intrusos de superfície, luta anti-submarina, defesa aérea, escolta e patrulha da zona económica exclusiva da República Socialista do Vietnam. A fragata «Dinh Tien Hoang» (que tem uma guarnição de 98 homens) desloca 2 100 toneladas a apresenta as seguintes dimensões : 102,14 metros de comprimento por 13,10 metros de boca. O seu calado é de 5,30 metros. A sua propulsão é assegurada por turbinas a gás (2), por 1 máquina diesel e por 2 hélices. Pode atingir 28 nós de velocidade máxima e tem uma autonomia de 4 000 milhas náuticas com andamento reduzido a 10 nós. Do seu armamento constam : 1 canhão de 176 mm, várias armas clássicas de menor calibre (AA e outras), panóplia de mísseis anti-navios e 12-20 minas. A electrónica de bordo (radares de navegação, sistemas de processamento de tiro, dispositivos anti-submarinos, etc) são de última geração. Este navio pode operar 1 helicóptero Kamov Ka-27. A fragata em apreço tem uma irmã gémea já integrada na frota de combate vietnamita (a «Ly Thai To», HQ-012) e espera por duas outras, que actualmente se encontram em construção em Zelenodolsk. Curiosidade : o nome deste navio faz referência ao primeiro imperador vietnamita, que reinou após a libertação do país do domínio chinês, no século X da nossa era.

sexta-feira, 14 de março de 2014

«ABNER COBURN»

Com casco em madeira e 3 mastros -aparelhados em galera- o «Abner Coburn» foi construído em 1882 por William Rogers no seu estaleiro de Bath, no estado do Maine (E.U.A.). Com 1 878 toneladas de arqueação bruta, este navio media 68,60 metros de comprimento por 13,10 metros de boca. O seu nome foi-lhe dado em homenagem ao 30º governador eleito do seu estado de origem. Pertenceu, sucessivamente, ao seu constructor, à Pendleton, Carver & Nichols, à California Shipping Company e à casa armadora McNeil & Libby. Fez sucessivas viagens entre o leste dos Estados Unidos e a costa do Pacífico, via cabo Horn. Esteve envolvido no negócio de madeiras de serração com a Austrália. Após ter sido adquirido pelo seu terceiro e último proprietário, o «Abner Coburn» operou durante 11 anos na baía de Bristol, no Alasca. Onde, entre outras actividades,  foi utilizado no comércio do salmão e no transporte de conservas de peixe. No seu historial está registado -com data de 19 de Junho de 1897- um incidente dramático, ocorrido no oceano Índico : durante uma violentíssima tempestade, o seu capitão (George A. Nichols) foi ferido mortalmente e o seu imediato magoado com gravidade e incapacitado de comandar o navio. E foi o jovem (de 18 anos de idade) J. F. Nichols, filho do malogrado comandante do «Abner Coburn», que conduziu o veleiro a bom porto, a Hong Kong. Pouco mais há a dizer sobre este elegante veleiro de finais do século XIX; a não ser que foi destruído acidentalmente em 1929, na sequência de um incêndio que se declarou a bordo e que a sua tripulação não conseguiu extinguir.

«MATAROA»

Navio de passageiros de bandeira britânica, construído em 1922 em Belfast (pelos estaleiros Harland & Wolff) para a companhia Aberdeen Lines.  Chamou-se primitivamente «Diogenes», podia transportar 552 passageiros (130 dos quais em 1ª classe) e fez a sua viagem inaugural -Londres-Nova Zelândia e Austrália, via cabo da Boa Esperança- com partida da capital do império no dia 16 de Agosto de 1922. Manteve-se nessa carreira até 1926, ano em que (depois de ter sofrido transformações no seu sistema de propulsão, que passou a consumir 'fuel' em vez de carvão) foi fretado à Shaw, Savill & Albion Line. Que lhe substituíu o nome para «Mataroa». O seu destino final manteve-se, mas mudou de rota, passando a franquear o canal de Panamá e a atravessar o oceano Pacífico. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi (como muitos outros navios civis) requisitado pelas autoridades militares e transformado em transporte de tropas. Entre muitas missões militares, o «Mataroa» chegou a transportar tropas norte-americanas para a Europa, em previsão do desembarque na Normandia; que ocorreu a 6 de Junho de 1944. Em finais de Abril de 1948, este navio regressou à vida civil e à linha da Grã-Bretanha com os seus 'dominions' na Oceania. Mas, antes disso, duas viagens muito particulares haviam-lhe dado fama. A primeira delas foi efectuada, em 1945, para a Palestina, com sobreviventes judeus (sobretudo crianças) dos campos de concentração nazis. A segunda (realizada em Dezembro desse mesmo ano) fez-se -da Grécia para o porto italiano de Taranto- com um importante grupo de artistas e intelectuais helénicos fugidos da guerra civil. Essa viagem foi promovida e custeada (em grande parte) pela França, país onde a maioria deles se refugiaria. O «Mataroa» foi desmantelado em 1957, após 35 anos de bons e leais serviços. Este navio apresentava 12 341 toneladas de arqueação bruta e media 152,48 metros de comprimento por19,23 metros de boca.

quinta-feira, 13 de março de 2014

«U-754»

Submarino alemão, que teve participação intensa nos combates da Segunda Guerra Mundial. Pertenceu ao tipo VIIC e foi construído no arsenal de Wilhelmshaven no ano de 1941. Durante a sua curta carreira operacional, o «U-754» afundou 14 navios dos Aliados (noruegueses, gregos, britânicos e norte-americanos), totalizando 55 659 toneladas de arqueação bruta. Comandado pelo capitão-tenente Johannes Ostermann, este submersível da frota nazi, efectuou apenas três patrulhas, a partir dos portos de guerra de Kiel (1) e de Brest (2). Esteve particularmente activo na foz do rio São Lourenço (Canadá), onde atacou a navegação com destino a Halifax e a São João da Terra Nova. As suas vítimas mais famosas foram o «Waiwera», um navio (com 12 435 toneladas) de bandeira britânica, que o «U-754» torpedeou -em data de 29 de Junho de 1942- no meio do oceano Atlântico e o «Ebb». Este, era uma modestíssima traineira de 260 toneladas de deslocamento, que pescava (a 28 de Julho de 1942) nas águas da ilha de Cape Sable. Como era presa demasiado humilde para se gastar com ela um torpedo ou até uns tiros de peça, o submarino emergiu junto do barco de pesca canadiano e metralhou-o com o auxílio das suas armas antiaéreas. Esse acto bárbaro, contrário a todas as leis da guerra, provocou a morte de 5 tripulantes do «Ebb» e ferimentos graves em 7 outros pescadores. Os sobreviventes foram resgatados, 14 horas mais tarde, pelo contratorpedeiro HMS «Whiterington». A opinião pública do Canadá (mas não só) reagiu com legítima indignação a esta baixeza. E jubilou, certamente -três dias mais tarde- quando um bombardeiro Hudson da 'Royal Canadian Air Force' apanhou o agressor, navegando à superfície a sul de Yarmouth, e o afundou com cargas de profundidade. Depois de ter assistido a uma enorme explosão, a tripulação da aeronave sobrevoou a zona o tempo necessário para poder constatar a inexistência de sobreviventes. Este submarino (como aliás todos os seus congéneres do tipo VIIC) deslocava 857 toneladas em imersão e em plena carga. Media 67 metros de comprimento por 6,20 metros de boca. De propulsão diesel/eléctrica, o «U-754» podia atingir a profundidade de 230 metros e a velocidade máxima de 17,7 nós à superfície e de 7,6 nós em configuração de mergulho. Armamento de bordo : 1 canhão de 88 mm, várias armas antiaéreas e 5 tubos lança-torpedos de 533 mm. A sua guarnição era composta por 44 homens. Nota final: A imagem anexada representa um submarino germânico da classe do «U-754».

terça-feira, 11 de março de 2014

«SLAVA EKATERINY»

Vaso de guerra da marinha imperial russa do último quartel do século XVIII. Construído em 1783 nos estaleiros de Kherson (situados no curso do rio Dniepre), este navio de 66 canhões foi a primeira unidade de grande porte a ser realizada pela indústria naval daquela região e a integrar a frota de Catarina II no mar Negro. O principal responsável pela construção do «Slava Ekateriny» (cujo nome se traduz por 'Glória de Catarina') foi Ivan Hanibal, general comandante da praça de Kherson, filho de um servidor de Pedro, o Grande. Refira-se, a título de curiosidade, que este empreendedor militar era de origem africana e foi um dos antepassado de Alexandre Puchkine, o 'Príncipe dos Poetas Russos'. Navio imponente, o «Slava Ekateriny» conjugava qualidades náuticas apreciadas  e repertoriadas com uma ornamentação belíssima (sobretudo do castelo de popa), tão ao gosto do seu tempo. O primeiro capitão deste navio foi Marko Vojnovic, conde do Montenegro. O «Slava Ekateriny» (cujas dimensões não conseguimos estabelecer, pelo facto das fontes consultadas não recorrerem ao sistema métrico, mas aos 'pés imperiais') participou nalgumas das batalhas engendradas pelos conflitos geopolíticos regionais. Nomeadamente contra os Turcos, potência rival da Rússia Imperial na zona do mar Negro. O mais importante desses confrontos terá sido a batalha do estreito de Kerch (também chamada de Yenikale), travada a 19 de Julho de 1790, durante a qual o almirante Fiodor Fiodorovitch Uchhalov, o comandante dos navios moscovitas, venceu uma frota otomana (sob as ordens de Kapudan Pachá Hussein), que tentava desembarcar tropas na península da Crimeia. Não nos foi possível averiguar em que ano e em que circunstâncias desapareceu este navio russo.

«BLUMENAU»

Construído na Alemanha em 1894, o «Bumenau» foi uma pequena embarcação a vapor, que -durante meio século- assegurou a ligação regular entre a sua cidade-madrinha e Itajaí. Ambas localizadas no estado brasileiro de Santa Cararina. Este vapor, que muito contribuíu para o progresso regional, fazia o referido trajecto (com escalas em Gaspar e Ilhota) em apenas 6 horas na viagem de ida e em 8 horas no regresso, devido à força da corrente do rio Itajaí Açú. O «Blumenau» estava equipado com 1 máquina de 80 cv de potência, mede 28 metros de comprimento por 4,40 metros de boca e navegava (inicalmente) com o auxílio de 2 rodas laterais de paletas. Mas, nas fotografias recentes deste vapor (transformado em atracção turística num jardim público da cidade), pode ver-se 1 hélice; o que pressupõe, naturalmente, uma transformação do seu aparelho propulsor. Durante a sua viagem inaugural -que ocorreu, depois da sua montagem em Itajaí, no ano de 1895- o «Blumenau» transportou Hercílio Luz, então governador do estado de Santa Catarina. Esta embarcação perdeu utilidade com a construcção de uma ferrovia, que, como era de esperar, lhe roubou passageiros e carga comercial. O «Blumenau» foi desactivado na década de 50 (do passado século) e abandonado. Até que, há alguns anos atrás, um grupo de cidadãos de Blumenau e várias associações locais se viraram interessados para este património e decidiram salvá-lo. A sua exposição no sítio da Prainha tem sido, no entanto, sujeita às críticas de alguns santacatarinenses, que garantem não ser aquele lugar (aberto às intempéries) o sítio ideal para preservar o «Blumenau». E reclamam, para o velho vapor, a construção de um museu melhor adaptado à sua preservação.

segunda-feira, 10 de março de 2014

«ANTON DOHRN»

Este navio de bandeira alemã (R.F.A.) pertenceu ao Ministério Federal da Alimentação, Agricultura e Florestas. Foi construído pelos estaleiros Mützelfeldt, de Cuxhaven, que o lançaram à água no dia 16 de Agosto de 1954. Apresentava 999 toneladas de arqueação bruta e media 62,30 metros de comprimento. Fisicamente, assemelhava-se a um banal arrastão. Estava, no entanto, equipado para operar como unidade científica (no domínio marinho), podendo receber a bordo 15 pesquizadores, para além da sua tripulação normal de 30 homens. O seu nome prestava homenagem a um notável biólogo darwinista. Esta embarcação contribuíu para a descoberta de importantes bancos de pesca entre a Islândia e a Gronelândia, aos quais foram dados o seu nome. Foi também a tripulação deste navio que, pela primeira vez, cartografou o chamado Planalto (submerso) de Dohrn, situado a Oeste das ilhas Hébridas. Durante a sua vida activa, enquanto navio-laboratório, o «Anton Dohrn» passou 3 727 dias no mar, no cumprimento de 164 viagens de estudo, percorreu mais de 600 000 milhas náuticas e recolheu 8 157 amostras para estudo científico. Durante os seus cruzeiros aos mares boreais, este navio cruzou-se com muitos bacalhoeiros portugueses, que despertaram a curiosidade dos seus tripulantes. Em Agosto de 1957, dois deles estiveram mesmo a bordo do lugre-motor «Adélia Maria», onde J. Messtorff tirou inúmeras fotografias ao navio e aos homens, em plena faina. Essas fotos -de um trabalho já algo arcaico- percorreram mundo e perpetuaram a memória desses destemidos lobos do mar portugueses. O «Anton Dohrn» terminou a sua singular carreira em 1972, após 17 anos ao serviço das ciências marinhas. Vendido a particulares, passou a chamar-se «Meerkatze» e a dedicar-se à actividade pesqueira em águas islandesas. Foi desmantelado em 1986.

domingo, 9 de março de 2014

«VASCO DA GAMA»

Construído em Lisboa -em 1792- pelo Arsenal Real da Marinha, este navio foi a primeira unidade da Armada Portuguesa a usar o nome do ilustre navegador alentejano. Depois dela, houve mais quatro com idêntico desigativo. Infelizmente não nos foi possível apurar muitas das suas características físicas. Sabemos, no entanto, que media uns 60 metros de comprimento e que estava armado com 60 bocas de fogo. Parece ter sido a nau (como ao tempo se lhe chamava) «Vasco da Gama» que interrompeu a tradição de dar o nome de santos aos navios da nossa frota de guerra. A partir do seu lançamento (ocorrido no dia 14 de Dezembro do ano acima referido), começou a dar-se, preferencialmente, aos vasos da marinha militar, nomes de heróis da nossa História. Este navio esteve sob o mando do ilustre marquês de Niza (então capitão-de-mar-e-guerra) entre 1793 e 1794; e fez pate da esquadra luso-britânica que operou no canal da Mancha, aquando da guerra contra a França republicana. Em 1807, depois de consumada a primeira invasão napoleónica do nosso território, o «Vasco da Gama» foi um dos navios portugueses que acompanhou a família real portuguesa na sua fuga até ao Rio de Janeiro. Em 1816, a nau «Vasco da Gama» fez parte das forças que participaram na campanha do rio da Prata e na expedição a Montevideu. Que se saldou pela conquista dessa cidade, então elevada a capital da efémera Província Cisplatina do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Quando, em 1822, o Brasil acedeu à independência, este vaso de guerra foi um dos que por lá ficou e que serviu de núcleo inicial à marinha militar da nova nação. O «Vasco da Gama» serviu na marinha imperial até 1826, ano em que foi desmantelado. Nota final : a ilustração anexada não representa o navio aqui em apreço, mas um veleiro britânico do seu tempo e do seu tipo.

«ÍSLENDINGUR»

Réplica do navio dito 'de Gokstad', esta embarcação foi construída, em 1996 -segundo técnicas herdadas dos antigos Viquingues- por Gunnar Marel Eggertsson, um carpinteiro naval das ilhas Westman. Desloca 80 toneladas e mede 22,50 metros de comprimento por 5,30 metros de boca. O seu calado é de apenas 1,70 metro. Tal como os 'drakkars' do ano 1000, este navio tem 1 único mastro implantado a meia-nau, que içava uma grande vela panda. Construído com fins didácticos, visto ter sido concebido para servir de base à aprendizagem da História e das tradições Viquingues aos meninos das escolas islandesas, este navio acabou por integrar um projecto de comemorações do milénio da chegada a Vinland (costa leste da América setemptrional) do herói nórdico Leif Eriksson, que o levaria a visitar -no ano 2 000- vários portos do Canadá e dos Estados Unidos. Nesse ano, a 17 de Junho (dia aniversário da independência da Islândia), com uma equipagem de 9 homens a bordo, este navio zarpou de Reykjavik e atingiu L'Anse aux Meadows, na Terra Nova -único lugar das Américas onde a presença dos navegadores escandinavos foi autenticada- a 28 de Julho. Na sequência dessa aventurosa travessia, o «Íslendingur» (cujo nome se traduz por 'Islandês') participou em 230 eventos, todos enquadrados nas supracitadas comemorações. Armazenado durante algum tempo em Westbrook (Connecticut), o navio foi devolvido à Islândia em 2002. Para o conservar, foi construído um museu (em 2008), onde o «Íslendingur» ocupa lugar de destaque e é visitado, anualmente, por muitos turistas nacionais e estrangeiros.

«SCYTHIA»

Este paquete britânico da companhia armadora Cunard, foi construído em 1920 nos estaleiros navais da empresa Vickers Ltd, de Barrow. Fez parte de um programa de construção de navios, lançado para colmatar as perdas substanciais sofridas pelo Reino Unido durante a Grande Guerra. O «Scythia» era um paquete com 19 730 toneladas de arqueação bruta, medindo 183 metros de comprimento por 22,50 metros de boca Propulsionado por engenhos dotados com turbinas a vapor, este luxuoso navio podia navegar à velocidade máxima de 16 nós e transportar mais de 2 000 passageiros, incluindo 350 em 1ª classe. Inicialmente colocado na ligação entre Liverpool e Boston -com escalas intermediárias em Queenstown e Nova Iorque- o «Scythia» passou, em meados dos anos 20, a servir numa linha que unia a chamada Cidade dos Arranha-Céus aos portos do Mediterrâneo. Onde se manteve até ao fatídico ano de 1939, ano da eclosão do segundo conflito generalizado. Requisitado pelas autoridades militares, o navio em apreço foi submetido a trabalhos de estaleiro, que o transformaram em transporte de tropas. Entre outras missões, o «Scythia» desembarcou (em 1942) algumas das tropas britânicas que invadiram o norte de África. Foi a 23 de Novembro desse ano que o navio foi alvejado por um torpedo aéreo, que lhe causou apenas danos materiais. Sorte, visto o «Scythia» levar a bordo, nessa ocasião, 4 300 militares. Dos quais somente 5 foram feridos. Levado para Nova Iorque, onde foi reparado, o ex-paquete da Cunard voltou à sua azáfama, em Janeiro de 1943, transportante tropas norte-americanas para as frentes de combate europeias. Depois de assegurada a paz, o «Scythia» procedeu ao repatriamente de soldados da 'US Army' e canadianos. Este navio também chegou a ir à Índia em missão militar. Em 1948, o «Scythia» esteve ao serviço da Organização Internacional dos Refugiados, para a qual cumpriu várias viagens de carácter humanitário. Em 1950, voltou às suas funções civis, assegurando viagens comerciais entre a Grã-Bretanha e a América do norte. Em 1958, depois de ter servido algum tempo no mar do Norte, este veterano foi considerado obsoleto e entregue a uma empresa de demolição.

«ALMIRANTE PEREIRA DA SILVA»

Este navio da Armada Portuguesa foi construído no início dos anos 60 (do século XX) nos estaleiros navais da Lisnave. Entrou ao serviço no ano de 1966 e foi desactivado em 1989, tal como as fragatas «Almirante Gago Coutinho» e «Almirante Magalhães Corrêa», suas congéneres da classe que tomou o seu nome. O seu desenho foi inspirado no dos navios norte-americanos da classe 'Dealey', os primeiros a serem construídos após a 2ª Guerra Mundial para se opor à frota de submarinos da União Soviética. O «Almirante Pereira da Silva» media 96 metros de comprimento por 11,20 metros de boca e o seu calado era de 5,50 metros. Deslocava (em plena carga) 1 914 toneladas. O seu sistema propulsivo integrava 2 caldeiras e 2 turbinas a vapor, que lhe autorizavam uma velocidade máxima de 26 nós e uma autonomia e 8 000 km, com andamento reduzido a 15 nós. O seu armamento principal era constituído por 2 peças de 76 mm, 6 lançadores de torpedos de 533 mm e 2 morteiros antissubmarinos de 375 mm. Possuía vários radares (de ajuda à navegação e de direcção de tiro) e 1 sonar. A fragata «Almirante Pereira da Silva» -que usou o indicativo de casco F 472- tinha uma guarnição de 176 homens. Este navio, como os seus semelhantes, constituiu um esforço importante na modernização da marinha de guerra portuguesa, que, até então, estivera equipada com unidades construídas durante o conflito generalizado e que haviam sido adquiridas em segunda mão. Concebidas para a luta antissubmarina no Atlântico norte, as 'Pereira da Silva' deveriam ter sido modernizadas com a instalação de mísseis antinavio, o que nunca aconteceu. De conversão considerada irrealizável, foram retiradas do serviço antecipadamente, tendo sido substituídas pelas fragatas da classe 'Meko'. Curiosidade : vários navios deste tipo foram, igualmente, utilizados pela armada norueguesa.

segunda-feira, 3 de março de 2014

«HERALD»

Navio de guerra de Sua Majestade Britânica construído, em 1822, no estaleiro da East India Company, em Cochim. O seu nome inicial foi o de «Termagant» e só em 1824 recebeu o seu designativo definitivo de «Herald» ('Arauto'). Este veleiro era uma corveta da classe 'Atholl', armada com 28 bocas de fogo. Deslocava 500 toneladas e media 34,60 metros de longitude por 9,60 metros de boca. O seu calado era de 2,67 metros. O «Herald» arvorava 3 mastros (no seu casco de madeira) que usavam, essencialmente, pano redondo. Tinha uma tripulação de 175 homens, incluindo oficiais. A sua fama advém-lhe do facto de, em 1840, a bordo e em águas da Nova Zelândia, ter sido ratificado um acordo com representantes dos povos Maori (Tratado de Waitangi), em que estes reconheciam à Grã-Bretanha autoridade sobre a Ilha do Sul, a maior desse arquipélago dos antípodas. Entre 1841 e 1842, o «Herald» esteve integrado na frota comandada por 'sir' William Parker, que o governo de Londres envolveu na Primeira Guerra do Ópio. Em 1845, o navio foi transformado em unidade de pesquiza científica, para poder proceder ao levantamento  das costas da Columbia Britânica (depois de uma disputa de fronteiras com os EUA) e fixar os seus limites com o Oregon.  No ano de 1848, este navio juntou-se à expedição que tentou localizar John Franklin, que se perdera aquando de uma tentativa de exploração da famosa Passagem do Noroeste. Foi também por essa altura que o «Herald» franqueou o estreito de Bering e descobriu uma ilha que recebeu o seu nome. Entre 1852 e 1861, esteve numa outra viagem no Pacífico, durante a qual se procedeu a um novo reconhecimento das costas australianas e das ilhas Fidji. Após esta derradeira missão, o «Herald» ainda foi usado, curiosamente, como capela flutuante, antes de ser desmantelado no ano de 1862.

«RAUL SOARES»

O «Raul Soares» -navio de sinistra memória para os brasileiros- foi construído pelos estaleiros da firma Flensburger Schiffsbau, na Alemanha, em 1900; ano em que também empreendeu a sua viagem inaugural (ao Brasil e portos do rio da Prata), integrado na frota do armador Hamburg Südamerikanischen DG. Este navio -um paquete- foi baptizado com o nome de «Cape Verde»; que utilizou até 1922, passando, desde então e depois de ter sido apreendido aos seus primeiros donos (no desfecho da Grande Guerra), a navegar com o designativo de «Madeira», que conservou durante três anos ao serviço das companhias P & O e Anglo-Yugoslav Transatlantic. Em 1925 o navio foi adquirido pelo Lloyd Brasileiro e passou a chamar-se «Raul Soares». O paquete em apreço, que sobreviveu aos dois conflitos mundiais, era um navio com 5 909 toneladas de arqueação bruta, medindo 125,10 metros de comprimento por 14,70 metros de boca. Provido de um sistema de propulsão a vapor (com 2 900 cv de potência) de quadrúpla expansão, o paquete -que podia receber 700 passageiros- deslocava-se à velocidade de cruzeiro de 12 nós. Durante muitos anos transportou milhares de emigrantes europeus para os países americanos do cone sul. Em 1964, já em fim de vida, o velho paquete foi requisitado pela ditadura militar e transformado em prisão flutuante e local de tortura de presos políticos. Nessa condição -inglória e assustadora- o «Raul Soares» esteve fundeado ao largo do porto de Santos até ao fim do odiado regime dos generais. A vida miserável dos presos do navio-prisão foi descrita em vários livros da autoria de alguns intelectuais que por lá sofreram tormentos e a privação da liberdade. Após essa sua derradeira utilização, o navio foi rebocado para um estaleiro do Rio de Janeiro, onde sucumbiu às investidas dos demolidores.

sábado, 1 de março de 2014

«MONGE»

O «Monge» pertence à armada francesa e é um navio científico vocacionado para o rastreamento de engenhos balísticos. Foi concebido para medir a trajectória dos mísseis lançados (a título experimental) dos submarinos nucleares da força estratégica gaulesa e, também, para seguir o lançamento dos foguetões 'Ariane' (e outros) lançados de Kourou, na Guiana Francesa. O seu nome evoca o matemático do século XVIII Gaspard Monge, 'pai' da geometria descritiva. Este navio (todo ele pintado de branco) foi construído pelos Chantiers de l'Atlantique, de Saint Nazaire, e está em serviço operacional desde 1992. Desloca 21 000 toneladas, mede 225,50 metros de comprimento por 24,84 metros de boca e o seu calado atinge os 7,50 metros. A sua propulsão é assegurada por 2 máquinas diesel (desenvolvendo uma potência de 9 000 cv) e por 1 hélice. O «Monge» (que tem a sua base no porto de guerra de Brest) pode navegar à velocidade máxima de 16 nós e dispor, com andamento reduzido, de uma autonomia de 15 000 milhas náuticas. Este navio (que substituiu o seu congénere «Henri Poincaré») tem uma tripulação de 22 oficiais, 127 sargentos e 51 praças, mais 12 militares de um destacamento que serve o armamento defensivo de bordo : 2 canhões de 20 mm e 2 metralhadoras de 12,7 mm. Para além desse pessoal, o «Monge» conta com uma equipa civil de engenheiros e outros técnicos altamente especializados. O A601 (é este o seu indicativo de amura), pode operar 1 helicóptero pesado e  está -como é visível nas antenas parabólicas (e outras) que ostenta- literalmente recheado de electrónica. O essencial desse material sofisticado é constituído por radares, sensores e por sistemas de processamento e medição. Na sua actual configuração, o «Monge» é um navio único, sem rival nas outras armadas. Curiosidade : a cor branca do navio não se deve a caprichos do almirantado francês. Na realidade, essa cor foi escolhida para evitar o sobreaquecimento do navio, fenómeno que poderia interferir no bom funcionamento dos sistemas electrónicos de bordo.